Máquinas mortíferas: ventiladores de teto

Máquinas mortíferas: ventiladores de teto

Eu tenho um medo danado de morrer. E eu achava que, com a exceção de kamikazes japoneses e de terroristas de todas as estirpes, todo mundo também tinha. Mas um dia desses eu descobri que não é bem assim. 

Era por volta de quatro da manhã quando uma amiga me contou que a psicanalista dela disse que existe um negócio chamado pulsão de morte. Aqui, é importante ressaltar, o horário meio obscuro e esse assunto mórbido não foram contrapostos para fins narrativos e eu não sei porque logo eu, que durmo às nove, estava conversando sobre morte às quatro da manhã com uma amiga que dorme às dez. 

Mas voltemos à pulsão de morte. Esse termo da psicanálise do qual muito pouco sei a respeito se refere ao desejo inconsciente de um indivíduo de recriar situações destrutivas e morrer do seu próprio modo. 

Portanto, desconfio ser impossível falar sobre pulsão de morte sem esbarrar no objeto central deste texto: ventiladores. Quem inventou esse objeto mortífero só podia estar sendo orientado pelas pulsões de morte. O Sr. Schuyler Skaats Wheeler, segundo confiáveis pesquisas realizadas no espaço online, foi o grande responsável por conceber uma invenção que consiste em grandes lâminas de metal cortante que giram em alta velocidade, por vezes, sobre as cabeças das pessoas… uma ideia brilhante, não? Não, não mesmo.

Olha, eu não sou lá uma grande entusiasta de teorias da conspiração, mas segundo uma célebre enciclopédia online, Wheeler começou sua carreira como engenheiro elétrico logo após a morte do pai. Coincidência? Acho que não. 

Mas é preciso ser justa, o ventilador inventado por Wheeler não era pendurado sobre as frágeis cabeças dos indivíduos, como são os ventiladores de teto. Esses sim, são verdadeiras máquinas mortíferas. Contudo, os ventiladores de teto só puderam ser idealizados porque Wheeler havia concebido os ventiladores comuns anteriormente. 

É provável que Schuyler não tivesse a intenção de pendurar lâminas letais sobre a cabeça de indivíduos desavisados. Mas se acusam Albert Einstein de ter tornado possível a criação da bomba atômica, não vejo porque não poderia acusar Wheeler de colocar em risco a vida de pessoas calorentas e de mulheres em menopausa. 

Inclusive, não me surpreenderá se, assim como Einstein, o Sr. Wheeler for considerado um grande gênio pela comunidade de engenheiros elétricos. Uma baita hipocrisia, que não para por aí, basta fazer um teste: das pessoas que vivem vociferando sobre como cigarro, bebida, radioatividade e gordura hidrogenada matam, quantas possuem ventiladores de teto em casa? Pois bem, diga isso a elas da próxima vez que quiserem te impedir de usar o microondas.