Capitão Girodono e “A Grande Tragédia”
Era uma vez… em uma terra muito distante… um governante desvairado, mas cheio de autoestima. Chamava-se capitão Girodono. Sobre Girodono, sabe-se apenas que chegou ao cargo máximo do reino, mas não se sabe o porquê. Não tinha nada de excepcional. Não possuía o porte de um herói, nem a retórica de um líder, tampouco a mente de um estrategista, ou a criatividade de um gênio. Ele era assim… ele era… e quase que acabava por aí.
Até antes de assumir o poder máximo, sabia-se que ele exibia uma certa mistura de insanidade, preguiça e arrogância. Uma receita para o desastre, alguns avisaram. Outros, preferiram ficar desavisados. Pois bem, Girodono assumiu o controle do reino, e parecia que a má-sorte havia sido lançada, isso porque Girodono se acomodaria ao trono e o reino seria condenado a um governante precário, perdendo aos poucos o prestígio que um dia chegou a ter.
Mas os deuses riram-se, pois esta história não acabaria de forma tão banal. Não… a penúria estava apenas começando. Após um ano sob o comando de Girodono, o reino se viu assolado por uma peste. E foi assim que iniciou-se aquilo que ficou conhecido nos livros de história como “A Grande Tragédia”. Vejam bem, essa “terra muito distante”, só era distante para alguns afortunados, afinal, muitos infelizes moravam ali mesmo.
A peste foi um baita desafio e um grande inconveniente para todos os reinos que tiveram que enfrentá-la, mas a maioria deles possuía governantes cujas faculdades mentais encontravam-se dentro do aceitável. Esse não era o caso de Girodono, uma grande fatalidade, para aqueles habitavam suas terras e conviviam com seus delírios.
Parecia então que a humanidade estava dividida entre os azarados, afinal todos haviam sido condenados a conviver com a peste, e os desgraçados, esses viviam sob o reinado de Girodono, que não somente era incapaz de enfrentar à peste, mas era alguém a quem a ideia do encargo desagradava muito. Até que em um dado momento, iniciou-se a produção de um antídoto capaz de combater a doença, mas Girodono era contra o antídoto. Ele não o aceitava, porque não era ele que havia inventado, apesar de também não possuir interesse em inventar solução alguma. Mas sua mente funcionava desse modo desde criança: se não era ele que escolhia a brincadeira, ele não brincava. Podia até gostar do jogo proposto pelos amigos, mas a vaidade falava mais alto.
Todavia, Girodono desenvolveu uma tática para situações como essa. Quando ele percebia que todas as crianças queriam jogar amarelinha, mas não era ele que havia sugerido, ele esperava alguns minutos, mudava o assunto e depois dizia “porque a gente não brinca de amarelinha?” e então todas as crianças concordavam. Somente dessa forma ele era capaz de brincar. Pois bem, foi assim que ocorreu com o antídoto. Em um primeiro momento, Girodono foi contra, afinal, a iniciativa não era dele. Assim, decidiu espalhar ideias mirabolantes: dizia que o antídoto havia sido inventado por bruxas e que transformaria todos em sapos.
No entanto, ao perceber que a maioria era a favor do antídoto, ele esperou um tempo, para então começar a agir como se a ideia fosse dele. O problema é que já era tarde demais para muitos, vidas haviam sido perdidas por pura vaidade, o reino de Girodono foi ficando isolado e o nosso capitão foi excluído dos grandes fóruns de decisão entre reinos. Enquanto isso, antídotos eram distribuídos em outras terras e os brasileiros, bom… sabe-lá o que foi feito desse povo.
Muito bom!