É dando que se recebe:o Centrão no comando do Congresso
A eleição do novo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), representou uma vitória breve para o presidente Jair Bolsonaro e uma vitória duradoura para o Centrão. A fim de garantir a vitória de Lira, o governo distribuiu cargos e bilhões em verbas do Orçamento aos deputados, contrariando as promessas de campanha que muitos compraram de um suposto fim da “velha política”.
Contudo, essa distribuição de prêmios é apenas o início de uma longa jornada de concessões e partilhas que o governo precisará fazer se quiser aprovar qualquer projeto em uma Câmara comandada pelo Centrão. Afinal, o bloco formado por partidos como PP, PSD, PL e PTB não garante apoio absoluto a ninguém. Tudo, quando se trata de Centrão, é condicional. Mesmo um possível impeachment de Bolsonaro foi somente adiado com a eleição de Lira. Dilma, em 2013, aprendeu de maneira amarga que o bloco não serve de escudo a um processo de impeachment quando a popularidade está em queda e às ruas estão em alta.
Um impeachment continua dependendo do futuro desempenho de Bolsonaro, ou melhor, da maneira como a população brasileira avalia seus fracassos, porque até agora o presidente tem se saído bem na transferência de culpas. A vitória não é definitiva para Bolsonaro, mas a derrota talvez seja decisiva para as pretensões políticas da centro-direita de Rodrigo Maia.
O ex-presidente da Câmara assistiu seu próprio partido, o DEM, rachar no apoio a seu candidato Baleia Rossi (MDB). O partido não fechou questão no apoio a Rossi e parte de seus integrantes preferiram apoiar a candidatura de Lira. Perde força o projeto anti-bolsonarista da centro-direita (ou direita) para 2022, que estava sendo encabeçado por Maia e pelo governador de São Paulo, João Dória. Ganha força o Centrão, o que garante um alívio momentâneo para Bolsonaro, mas não o seu sucesso político no curto-prazo ou em 2022. Um Centrão forte não é sinônimo de um presidente vitorioso, mas sim de uma presidência enfraquecida e desidratada.